Médica hematologista que atende na AAPI, em Ipatinga, explica sobre a doença que pode se manifestar de diversas formas
A campanha Fevereiro Laranja lembra sobre a importância de se conscientizar sobre as leucemias e doação de medula óssea. São chamados de leucemias os canceres das células sanguíneas, em sua maioria glóbulos brancos. A médica hematologista Marita Novais, que atende pela AAPI, falou sobre a doença e sobre os seus sinais.
O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025 serão registrados 11.540 novos casos de leucemias. O Atlas da Mortalidade por Câncer aponta que 20.569 mortes foram causadas por algum dos tipos da doença entre 2020 e 2022.
A hematologista Marita Novais explica que os quatro tipos mais comuns de leucemias são a leucemia linfoide crônica, linfoide aguda, mieloide crônica e a mieloide aguda. A médica destaca que as leucemias provocam sintomas devido ao acúmulo de células defeituosas na medula óssea. Essas células acabam prejudicando ou impedindo a produção de célula sanguíneas normais, ocasionando diversos sinais que podem ser observados.
“Nas leucemias crônicas os sintomas são mais lentos. Muitas vezes é ‘achado de laboratório’, o paciente não sabia que estava doente, faz um exame e descobre a leucemia. Principalmente a linfoide crônica, que é mais comum nos idosos. Já a mieloide crônica pode ter baço grande, então o paciente vai começar a sentir uma massa na barriga”, aponta Marita Novais.
Em relação às leucemias agudas, Marita diz que elas têm uma evolução mais rápida.
“O paciente que estava saudável há algumas semanas e começa a ter alterações que chamamos da ‘serie do hemograma’. Vai ter anemia, cansaço, fraqueza, dificuldade em fazer exercícios. Ele pode ter infecções de repetição. Ter que tomar muito antibiótico. A plaqueta baixa pode ocasionar sangramentos em qualquer lugar: hematomas difusos, sangramento nasal, ao escovar os dentes, na urina”, explica.
De acordo com o INCA, a maioria dos pacientes diagnosticados com a doença não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. No entanto, há algumas exposições que podem aumentar o risco do desenvolvimento da leucemia.
“A prevenção é difícil. Alguns tipos podem ter um histórico familiar, então a gente investiga essas famílias. Evitar o contato direto com substâncias químicas, como o benzeno, com posto de gasolina, também é uma forma de prevenção. O tabagismo também aumenta o risco de canceres em geral, mas a leucemia é uma doença que não tem um fator de risco específico. O ideal é a detecção precoce”, alerta Marita.
Os números apresentados pelo Atlas da Mortalidade por Câncer apontam que a maior parte dos óbitos registrados são de pessoas com mais de 50 anos. Dos 20.569 óbitos registrados entre 2020 e 2022, mais de 14 mil óbitos são de pessoas desta faixa etária.
Tratamento
Segundo a médica hematologista, o tratamento pode variar dependendo do tipo de leucemia, podendo ir do uso de medicamentos até a quimioterapia.
“A cura depende de qual leucemia estamos falando. As leucemias linfoides agudas na infância tem 90% de cura com vida normal após o tratamento. Já as mieloides agudas muitas vezes necessitam do transplante de medula para atingir a cura. Já as leucemias crônicas respondem melhor aos tratamentos”, destacou dra. Marita Novais.
Pacientes em tratamento podem necessitar regularmente de doação de sangue, então é sempre importante manter os bancos de sangue dos centros de referência cheios.
A campanha também lembra sobre a importância da doação de medula óssea, que depende de uma compatibilidade entre o doador e a pessoa que receberá a medula. Interessados em fazer a doação podem saber mais detalhes no site do Hemominas (https://www.hemominas.mg.gov.br/servicos/cadastrar-se-como-candidato-a-doacao-de-medula-ossea), que é a referência para o cadastro de interessados na região do Vale do Aço.
Doação de sangue
Há dois caminhos para os interessados realizarem doações de sangue: Hemominas (Governador Valadares), que abastece o Hospital Municipal Eliane Martins (Ipatinga) e outros hospitais públicos da região, ou no Hospital Márcio Cunha.
Podem doar pessoas entre 16 e 69 anos que estejam pesando mais de 52kg. Para maiores de 60 anos, só podem doar aqueles que já foram doadores em algum momento da vida. Menores de 18 anos só podem realizar a doação com consentimento formal dos responsáveis.
Para realizar a doação é necessário estar alimentado, evitando alimentos gordurosos nas 3 horas que antecedem a doação. Também é necessário ter dormido pelo menos 6 horas nas últimas 24 horas antes da doação.
Pessoas que tenham tido doenças como hepatite, sífilis, HIV positivo e doença de chagas não podem doar sangue. Também não pode doar quem fez tatuagem, maquiagem definitiva ou colocou piercing nos últimos 6 meses.
No Hemominas a doação pode ser realizada de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 16h mediante a agendamento prévio no link https://www.mg.gov.br/agendamento_servico/doacao-de-sangue. Prefeituras da região do Vale do Aço também disponibilizam meios logísticos para realizar a doação.
Em Ipatinga, os munícipes podem receber mais informações da prefeitura e realizar o agendamento através do telefone (31) 3828-5637.
Já os interessados em doar para o Hospital Márcio Cunha podem fazer o agendamento pelo telefone (31) 3829-9600 e pelo WhatsApp (31) 99686-1060 e (31) 98480-8199. A doação ocorre de segunda a sexta das 7h às 11h e das 13h às 16h.