Contém Cultura encerra mais um ciclo e divulga balanço de ações

A live de encerramento do projeto em Pingo D´Água trouxe um debate sobre as linguagens do audiovisual para criança.
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PINGO D´ÁGUA – O Contém Cultura acaba de encerrar mais uma etapa de atividades iniciadas  no município em  2019, com a construção e inauguração da sede do projeto que abrigou ações presenciais até o início da pandemia, no começo deste ano.

“Inicialmente, mantivemos a programação normal, com sessões comentadas de cinema e, quando nos preparávamos para o lançamento de oficinas de artes, assim como fizemos em outras unidades do projeto, veio a pandemia e a necessidade de fechamento da sala multicultural”, recorda Luciana Profiro, proponente do Contém.

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Para mitigar os impactos da crise sanitária, a programação do espaço foi substituída pelo empréstimo social do acervo aos moradores de Pingo D´Água, pela promoção de lives Diálogos que transformamcom cineastas importantes do cinema nacional nas redes sociais do projeto, e uma mostra de obras assinadas por produtores do Vale do Aço, via canal do Youtube, uma iniciativa de difusão e valorização dos títulos produzidos na região.

Entre os participantes das lives, estiveram Luiz Carlos Lacerda, o Bigode (RJ); Thiago Köche (RS); Joel Pizzini (RJ); Sávio Tarso e João Grossi, de Ipatinga (MG). A série foi encerrada com a participação da arte-educadora com atuação no audiovisual, cinema, animação, games, artes visuais e estética, Liana Vila Nova, de Pernambuco. Infantes: a linguagem apropriada foi o tema do evento mediado pelo jornalista Rudson Vieira.

Liana destacou a importância do público infantil ter acesso a filmes dos mais diversos gêneros e linguagens, para que não se prendam apenas às produções disponibilizadas nos circuitos comerciais. A educadora enfatizou que alguns filmes, apesar de não serem produzidos tendo como público-alvo as crianças, são potenciais para unir as famílias e podem ser assistidos pelas crianças. “Alguns trabalhos podem motivar diálogos, estimular as crianças a pensar em temas do universo adulto e que ajudem a desenvolver a empatia, como sobre alguém que vive nas ruas, que esteja vivendo desafios, passando por situações de sofrimento”, exemplifica, acrescentando que “não há como formar um cidadão crítico sem cultura. Um filme pode dar um start para um debate em ambiente adequado, como em família”.

Liana é diretora do 3emeio e presidenta no Brasil da Associação Internacional Films pour Enfants, ela é também membro do festival Takorama e diretora do Fórum do Movimento das Imagens.
A convidada da sessão de encerramento das lives do Contém, edição Pingo D´Água, atua ainda no desenvolvimento de projetos de educação digital e audiovisual para criança e jovens, metodologias lúdicas e inovadoras para o ensino à  distância.

Liana trabalha com formação e consultoria de plataforma digital de educação para o público infantil com metodologia inédita no Brasil e vai falar sobre as novidades do setor.

Participar de uma sessão de cinema é uma das experiências inéditas que o Contém leva aos moradores de cidades que não tinham acesso a equipamentos culturais

DESAFIO

“Foi grande o desafio e um ato de resistência adaptar para o universo virtual um projeto que nasceu para reunir pessoas em uma sala física e apresentar a elas produções cinematográficas brasileiras, conversar sobre essas obras e estreitar os laços entre moradores das comunidades entre si, por meio da arte, da cultura, e aproximá-los desses campos do saber”, comenta Luciana Profiro.

Pingo D´Água é a quarta cidade a ser contemplada com a sala multicultural. Outras três foram Periquito, Ipaba e Bugre. Em cada um dos municípios, a produção do Contém assumiu a gestão do espaço por dez meses, com a curadoria dos filmes, montagem da programação e execução de oficinas culturais e artísticas, saraus literários, dentre outras atividades semanais ofertadas gratuitamente. Após esse período, o espaço foi entregue ao poder Executivo de cada cidade beneficiada com o projeto.

POPULARIZAÇÃO DO CINEMA

O Contém Cultura objetiva promover a cultura nacional nas cidades do interior do estado de Minas Gerais, estimulando consumo e produção cultural.

Pelas quatro salas do Contém, já passaram mais de dez mil pessoas, levando-se em conta a média de público por unidade. “É uma alegria poder levar cinema a tantas pessoas, popularizar o cinema. Como este ano foi pautado pelas dificuldades impostas pela pandemia, o alcance do projeto ficou prejudicado. Mas mantivemos o movimento com foco em reflexões sobre a sétima arte e repensamos em como podemos ser menos afetados pela pandemia; os rumos e tendências do cinema pós-Covid-19 e também sobre como manter a cultura viva onde lançamos o projeto”.

Luciana observa que o envolvimento com o Contém Cultura nas comunidades se deu de diversas formas. “Muitas pessoas despertaram gosto pelo cinema nacional; outras se identificaram com as oficinas, como de artesanato, dança, robótica, origami, reciclagem. O espaço foi amplamente usado por escolas e entidades locais que se beneficiaram da sala multicultural para promover palestras, campanhas educativas; eventos, como campeonatos de xadrez; exposição de peças de museu; roda de capoeira e reuniões com diversos segmentos regionais”.

RECURSO DIDÁTICO

A proponente do Contém Cultura destaca ainda atrações do Salão do Livro desenvolvidas na sala multicultural; da Cinedocumenta, com a realização de uma oficina de produção audiovisual, que resultou na produção de um curta-metragem de baixo orçamento, tendo a comunidade como pano de fundo; e um workshop para educadores sobre Audiovisual como recurso didático, ministrado pelo psicólogo e professor universitário, David Romeros, um dos fundadores do cineclube Los Películas.

A diversidade do público também é destacada por Luciana. “O público do Contém é bem diverso, e ações desenvolvidas no espaço são marcadas pela pluralidade. Crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos, incluindo pessoas acamadas, uma experiência rica que tivemos em Ipaba. Na unidade desse município, promovemos uma sessão dedicada a idosos que residem em um abrigo da cidade. Foi maravilhoso ver a percepção do cinema desse público, a alegria de alguns ao rever o saudoso autor Mazzaropi e de outros que, até então, nunca havia ido ao cinema. Mesmo limitados em seus movimentos corporais, os idosos ficaram atentos à telona o tempo todo e as suas impressões sobre o filme eram percebidas pelos sorrisos desenhados a cada cena”.

Em outro relato, a proponente do Contém falou sobre a exibição de um documentário sobre o surgimento da cidade do Bugre. No filme, produzido de forma precária, o público identificou pioneiros do município, familiares, amigos.

Luciana finaliza sublinhando que o cinema tem o poder de unir pessoas de todas as classes sociais, raças e credos. É uma ferramenta de aprendizado sobre a vida de forma interdisciplinar. Quando o processo educacional se aproxima da arte, o interesse pelos conteúdos aumenta e uma nova janela se abre para o mundo, as transformações sociais acontecem.

O Contém Cultura é um projeto patrocinado pela Cenibra, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

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