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Fotos: Geniane Vieira
“Aves invisíveis parte da cidade, da detida observação de seus movimentosmínimos. Em um pequeno gesto silencioso e delicado as aves típicas da regiãotornam-se delicados desenhos que lembram bordados, com suas novas cores etexturas. Na paisagem urbana, as aves-desenhos com suas novas cores são devolvidasao nosso olhar, que pode se surpreender abrindo novas camadas de significação paraos espaços urbanos e seus diversos habitantes”.(Eduardo de Jesus)
IPATINGA – Aves Invisíveis é o nome da nova mostra em cartaz na Estação Memória, evento que integra o projeto Exposição, Tradição e Contemporaneidade, lançado pelo Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário, em parceria e curadoria da artista visual Rosane Dias. A iniciativa consiste na exibição de trabalhos assinados por artistas selecionados via edital na Estação Memória e no Museu Congado do Ipaneminha.
Aves Invisíveis foi composta no início da pandemia, pela designer e especialista em Arte/Educação pena UnB, Fernanda La Noce. Impossibilitada de sair às ruas para observar e fotografar os pássaros, a artista, que também integra o grupo de observadores de aves do Parque Estadual do Rio Doce (Perd), passou a fazer os registros fotográficos das aves das janelas de seu apartamento, no bairro Cariru, em Ipatinga.
Como você define sua exposição, Aves Invisíveis?
Lanoce – É um convite para sensibilizar as pessoas para perceberem a nossa natureza, o nosso lugar, nossos passarinhos. Meu propósito com esse projeto é reaproximar as pessoas da realidade, uma forma de lembrar as pessoas a olhar as aves do céu. A região do Vale do Aço possui mais de 350 espécies de aves catalogadas, muitas delas ameaçadas de extinção, segundo informações do Circuito Turístico Mata Atlântica de Minas (CTMAM), entretanto os moradores desconhecem a maior parte delas, por não terem o hábito de contemplar essas aves.
O que você apresenta em Aves Invisíveis?
Lanoce – Na exposição, apresento 17 registros fotográficos das ilustrações feitas durante a pandemia sobre fotocópias de fotografias de pássaros feitas pelo Celso de Castro, observador de árvores de Ipatinga e Colar Metropolitano. Ele tem um perfil no instagram, @celsobirds com quase 38 mil seguidores.
Como nasceu a ideia de fazer esses registros?
Lanoce – A ideia de fazer esses registros nasceu da minha admiração pela beleza dos passarinhos, pela presença deles constante no meu dia a dia, mas também nasceu do meu incômodo, pelo fato de eu notar que a maioria das pessoas não percebe a presença dos passarinhos. Não escuta, não vê, não percebe. Então passei a investir nesse projeto, sempre conciliando com minhas outras atividades de designer, projetos editoriais, ilustrações e coordenação de palestras e oficinas de Artes Visuais.
Por que períodos foram produzidas as fotografias?
Lanoce – No início do ano passado, eu estava passarinhando com o Celso Castro e o Jorge Siqueira, no bairro Cariru. Eles haviam acabado de fotografar várias Saíras-sete-cores nas árvores. Nós estávamos observando Gaturamos, uma outra espécie de pássaros muito bonita. Naquele momento, algumas pessoas passaram em frente às câmaras montadas nos tripés falando alto, gesticulando, reclamando. Isso assustou as aves e me assustou também. Fiquei impressionada com a falta de sensibilidade das pessoas. Ficou claro pra mim que há dois universos totalmente diferentes, o das aves visíveis e outro das aves invisíveis. A partir dessa situação, eu passei a observar também o comportamento das pessoas e não só observar os passarinhos. Então comecei a desenvolver as ilustrações e as intervenções nas árvores onde essas duas espécies foram observadas, a Saíra-sete-cores e o Gaturamo. Foi uma forma que encontrei para chamar a atenção das pessoas, mesmo que por meio das fotocópias, que são impressões em xerox preto e branco. Foi interessante ver as reações das pessoas. Algumas pegavam os gravetos com as imagens dos passarinhos, levavam; outras só mudavam de lugar. Com o tempo, eu senti a necessidade de incluir nessas fotocópias o meu traço, as minhas ilustrações. Aí, passei a desenhar em cima dessas fotocópias e levar essas imagens para as árvores, as mesmas onde fiz a intervenção. Posteriormente, eu fotografei esses passarinhos nessas árvores.
Você é observadora de pássaros. Há quanto tempo você passarinha, observa pássaros?
Lanoce – Sou observadora de pássaros desde 2014, quando voltei a morar em Ipatinga. A partir daquele ano, cursei algumas oficinas oferecidas pelo Instituto Usiminas. Essas oficinas nos incentivavam a observar nossa paisagem, os nossos bens, o nosso patrimônio. Desde então, eu tenho observado as aves. Saio, uso um binóculo. Não sou muito de fotografar. Gosto de observar com o binóculo e, depois, desenhar. A partir desse curso que fiz no Instituto Usiminas, tive a oportunidade de ilustrar um livro infantil, que vai ser lançado tanto no Brasil quanto na França A família da gente, ou Famille et oiseau, da psicóloga Luciana dos Santos Paula. Em 2018, fui convidada a integrar o grupo Turismo no Vale. Desde aquela época, eu tenho desenvolvido ilustrações que foram bordadas em vários produtos, como braceletes e colares, artigos decorativos, como panôs, quadros, almofadas. Nesse projeto agora, Aves Invisíveis, as ilustrações foram feitas com pontos e linhas. São desenhos coloridos que lembram o bordado.
Até quando Aves Invisíveis fica em cartaz e quais os horários de visitação?
Lanoce – A exposição fica em cartaz até o dia 11 de março, na Estação Memória, rua Belo Horizonte, 272, no Centro de Ipatinga, de 8 às 18h, com entrada franca e uso obrigatório de máscara.
O propósito da Exposição Tradição e Contemporaneidade é ocupar os espaços da região com manifestações artísticas e culturais que despertem na comunidade o sentimento de pertencimento, valorização e salvaguarda da memória do patrimônio cultural material e imaterial, segundo explica a curadora da exposição, Rosane Dias, Bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes da UFMG e formada em Artes Plásticas e Contemporaneidade pela UEMG.
A Exposição Cultural Tradição e Contemporaneidade faz parte dos microprojetos que se concretiza por meio do Edital 01/2021 Modalidade Seleção de Propostas – OSC Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário – Congado do Ipaneminha, junto à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, tendo em sua produção Shirley Maclane e Marlene Brum, na curadoria Rosane Dias, e Goretti Nunes na assessoria de comunicação.
A Exposição Cultural Tradição e Contemporaneidade faz parte dos microprojetos que se concretiza por meio do Edital 01/2021 Modalidade Seleção de Propostas – OSC Clube Dançante Nossa Senhora do Rosário – Congado do Ipaneminha, junto à Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais, tendo em sua produção Shirley Maclane e Marlene Brum, na curadoria Rosane Dias, e Goretti Nunes na assessoria de comunicação.